O Prémio 'Aristides de Sousa Mendes' foi instituído em 1995 pela Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses com o objetivo de incentivar o aparecimento de obras e estudos no domínio da política internacional, nomeadamente, no quadro das relações externas portuguesas.
Décadas se passaram sobre aqueles dias de junho de 1940 quando, em Bordéus, mas também em Baiona, em desobediência às instruções expressas de Salazar, Aristides de Sousa Mendes decidiu emitir vistos a todos aqueles que, em fuga perante o avanço das tropas nazis, buscavam lugares mais seguros, assim contribuindo para que milhares de vidas (de judeus e de outras crenças) fossem salvas. A ASDP pretende relançar a atribuição deste Prémio, retomando a intenção de promover a investigação na área da diplomacia e da política externa portuguesa.
REGULAMENTO DO PRÉMIO ARISTIDES DE SOUSA MENDES
1 - A Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses (ASDP) instituiu em 1995 o Prémio Aristides Sousa Mendes, destinado a incentivar o aparecimento de obras e estudos no domínio da Diplomacia, da História Diplomática Portuguesa e da Política Externa Portuguesa, procurando distinguir o melhor trabalho de investigação apresentado sobre um tema histórico ou de atualidade internacional relevante nestas áreas.
2 – Podem concorrer todos os interessados, individualmente ou em grupo, de qualquer grau ou área de formação, nacionalidade ou idade.
3 – O melhor trabalho será premiado com 3000 Euros e a publicação do trabalho será garantida pela ASDP em conjunto com o Instituto Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros. A atribuição do Prémio será feita em cerimónia pública que poderá assumir o formato presencial, ou virtual, em função da situação sanitária e das normas em vigor.
5 - O júri do Prémio será constituído por diplomatas e personalidades nacionais de reconhecido prestígio e mérito académico, sendo nomeado pela ASDP e pelo IDI. A sua composição será anunciada no momento da abertura do concurso.
6 - O júri não se obriga a atribuir o Prémio, no caso de nenhum dos trabalhos apresentados reunir os necessários requisitos de qualidade, e as suas decisões não são passíveis de recurso.
7 – Os trabalhos deverão ser entregues em formato digital para o endereço de email institucional da ASDP: asdp@mne.pt
NOTA BIOGRÁFICA
«Quando Aristides de Sousa Mendes tomou sobre si a responsabilidade de valer a quantos pudesse de entre os milhares em fuga desordenada ante o avanço alemão pela França, dando-lhes um visto para transpor os Pirenéus, contrariava instruções, decerto. Mas, fundamentalmente, punha em causa uma conceção política e confrontava Lisboa com a criação do mais difícil dos precedentes, o humanitário. Ali, em Bordéus, se formou a imagem de Portugal, porto de Abrigo que até hoje perdura»1.
Aristides de Sousa Mendes do Amaral e Abranches nasceu em 19 de julho de 1885 em Cabanas do Viriato e faleceu em Lisboa a 3 de abril de 1954. Licenciou-se em Direito e integrou a carreira consular em 1907, tendo servido em Postos como: Demerara, Galiza, Zanzibar, Curitiba, S. Francisco, Maranhão, Porto Alegre e Antuérpia. Em junho de 1940, sendo Cônsul-Geral em Bordéus, tomou a decisão pela qual o seu nome é hoje recordado e de que resultou o salvamento de milhares de pessoas, mas igualmente a punição de que foi alvo. Aristides de Sousa Mendes foi condenado disciplinarmente e, em seguida, aposentado.
O processo de reabilitação inicia-se em 1976, com a reintegração e promoção (a título póstumo) no Ministério dos Negócios Estrangeiros, tendo os seus herdeiros recebido os respetivos benefícios, incluindo um desagravo público mediante uma resolução da Assembleia da República e uma condecoração póstuma (Grande Cruz da Ordem de Cristo). A família de Sousa Mendes recebeu na Embaixada de Portugal em Washington, em 1987, das mãos do então Presidente Mário Soares, a Ordem da Liberdade (no grau de oficial). Em maio de 1994, o governo de Israel plantou a Floresta Aristides de Sousa -Mendes com dez mil árvores no deserto de Neguev.
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